quarta-feira, agosto 31, 2005
O mesmo acontece com a nossa vida...
"Diziam-nos que não tínhamos a menor chance, e parecia mesmo que não tínhamos, mas a verdade é que, quando o povo polaco acordou, mudou o sentido da História. Antes parecia que tudo estava pré-determinado, que os acordos de Ialta nos tinham deixado para sempre na órbita da União Soviética; depois passámos a ter à nossa frente um livro branco onde podíamos escrever à vontade.". Palavras de Lech Walesa transcristas no público de 30 Ago, aquando das comemorações dos 25 anos do reconhecimento pelo governo comunista do sindicato independente.
O mesmo acontece com a nossa vida: quando nos dizem que não temos a menor chance, e parece que não temos, por vezes, passamos a ter à nossa frente um livro branco...para escrever...
segunda-feira, agosto 29, 2005
Blogosfera mais pobre...
... com o baixar do pano dos blogues Aviz do Francisco José Viegas e Fora do Mundo também do FJV e do acutilante Pedro Mexia...
Ficaram promessas de um regresso com outro nome para breve... cá fico à espera.
Ficaram promessas de um regresso com outro nome para breve... cá fico à espera.
domingo, agosto 28, 2005
Como é que isto ainda é possível?
"As duas Correias: depois de estar com familiares que já não se via há mais de 50 anos, ser obrigado a partir deixa apenas as lágrimas. Cerca de 150 sul coreanos rumaram sexta-feira à Coreia do Norte para, na Montanha Diamante, participarem no 11º Encontro de Famílias Separadas pela cisão das duas Coreias. Hoje é dia de regressar a casa e nos olhos dos sul coreanos resta apenas a prova da sua tristeza por deixar novamente caras que já não viam há mais de meio século." in publico.pt, 28 Ago 05
sexta-feira, agosto 26, 2005
quarta-feira, agosto 24, 2005
Parabéns
O futebolista português Pedro Pauleta é a capa da prestigiada revista francesa France Football na sua edição de 22 Agosto. Motivo? Atingiu nesse fim de semana, com um golo no Troyes-PSG, o brilhante score de cem golos na primeira liga francesa. Actualmente a jogar no Paris St Germain, este score foi fruto da carreira de Pauleta em terras gaulesas nesta equipa e no Bordeus. Não sendo um jogador mediático e fora de serie como Figo e Rui Costa, Pauleta de forma perseverante e discreta atinge um patamar invejável em França. Este desempenho acaba por ser o espelho do emigrante português em terras gaulesas: discrição, trabalho, entrega e perseverança. Assim, com esta forma de estar, a comunidade portuguesa conseguiu o respeito e aceitação tão dificil e selectiva dos franceses. Aqui fica os meus parabéns a Pedro Pauleta e aos emigrantes portugueses em geral.
sexta-feira, agosto 19, 2005
Mercado global
A Radio francesa France Info noticiava na passada semana, o mais provàvel encerramento de uma unidade fabril francesa com perto de 200 trabalhadores, no ramo do calcado de luxo. O gerente justificava o encerramento em virtude dos elevados custos de producão. A fabrica iria ser encerrada mas a actividade deslocalizada para a China, India, Tunisia e...Portugal.
sexta-feira, agosto 05, 2005
Guiné-Bissau: sem rei nem trono
Sucedem-se num compasso ritmado. Primeiro Amílcar Cabral, depois Luís Cabral, segue-se Nino Vieira, desaparece Ansumane Mané, integra-se Kumba Yalá, mistura-se tudo, surge um novo Golpe de Estado, elege-se como Presidente Interino Henrique Rosa, desaparece General Veríssimo Seabra, voltam a aparecer Kumba Yalá e Nino Vieira. Resultado final para a 2ª volta, dois candidatos: Nino Vieira e Malam Bacai Sanhá. Mistura-se tudo, Nino deposto por Kumba recebe o seu apoio para a 2ª volta.
A Guiné-Bissau é marcada de sucessões, sucedem-se uns aos outros com violência. Amnistia-se com justa causa em nome da Reconciliação, Paz e Unidade Nacional, sem que haja julgamento, abusando da letra da canção a mi i fidju di tchon, ninguem ca pudi fassi mal (Sou filho da terra, ninguém me pode fazer mal). A História dilui-se, perde-se num conjunto de imprecisões numa cronologia de sangue: 14 Novembro, 7 Junho, 14 Setembro, 6 Outubro. A verdade assemelha-se ao 1984 de Orwell: os heróis de ontem transformam-se em assassínios cujo julgamento faz-se em praça pública, sob a pena da catana ou da espingarda.
Pequeno país, Estado frágil. A 24 de Julho, os guineenses foram novamente às urnas para eleger o seu Presidente da República. A lógica democrática de uma pessoa = um voto, não pode ser transposta para a Guiné-Bissau, sem antes se entender duas formas de organização social diferentes ligadas ao poder: uma, ligada à experiência de conjugação interétnica originada na luta armada; outra ligada a ideologia do aparelho de Estado nascido, após a independência (Carlos Lopes). Kumba Yalá deixou de ser Presidente de todo um povo com o seu barrete encarnado, símbolo da etnia Balanta; Nino Vieira ao regressar à Guiné-Bissau, em Abril, sem autorização oficial, sobrepôs o argumento do perdão ao do poder do Estado: voltei à minha terra para pedir perdão a todos os que magoei no passado e garanto que já perdoei a todos os que me magoaram (Nino Vieira).
Neste terreno multi-étnico (registados cerca de 27 grupos étnicos), destacam-se dois homens que procuraram construir uma nação: Amílcar Cabral e Henrique Rosa. Reconhecidos pelos guineenses pelo seu empenho, dedicação e integridade, não lhes foi, no entanto, permitido dar continuidade a este projecto. O primeiro foi assassinado, o segundo não teve apoio político nem militar para apresentar uma candidatura. Cabral era designado de burmedjo – vermelho, nome apresentado para caracterizar cabo-verdianos, ao contrário dos preto nok (negro escuro) guineenses. A Henrique Rosa imputa-se o facto de outros membros do Governo transição anterior não terem podido candidatar-se nas legislativas de 2004. Ambos foram líderes de todos os guineenses e conseguiram elevar a Guiné-Bissau a nível internacional a um país que era capaz de se desenvolver.
Os resultados da segunda volta deram a vitória a Nino Vieira, reclamações e contestações conduziram a uma recontagem dos votos em Bissau, Biombo e Bafatá, exigida por Malam Bacai Sanhá. Mas nas ruas, a população reclama outro voto, negado por todos os que o embandeiram: paz e reconciliação. Para estes, finda a festa dos comícios, fica apenas a instabilidade e a insegurança e o abandono progressivo do djitu ten qui ten (“há uma alternativa, uma solução”). Poder-se-á afirmar que o povo que mais ordena teve a sua oportunidade de voto, mas a decisão de voto não é individual na Guiné-Bissau e no ciclo de pobreza em que vive imaginar soluções futuras está fora do seu alcance porque o amanhã é uma abstracção que pode não ser real.
A Guiné-Bissau é marcada de sucessões, sucedem-se uns aos outros com violência. Amnistia-se com justa causa em nome da Reconciliação, Paz e Unidade Nacional, sem que haja julgamento, abusando da letra da canção a mi i fidju di tchon, ninguem ca pudi fassi mal (Sou filho da terra, ninguém me pode fazer mal). A História dilui-se, perde-se num conjunto de imprecisões numa cronologia de sangue: 14 Novembro, 7 Junho, 14 Setembro, 6 Outubro. A verdade assemelha-se ao 1984 de Orwell: os heróis de ontem transformam-se em assassínios cujo julgamento faz-se em praça pública, sob a pena da catana ou da espingarda.
Pequeno país, Estado frágil. A 24 de Julho, os guineenses foram novamente às urnas para eleger o seu Presidente da República. A lógica democrática de uma pessoa = um voto, não pode ser transposta para a Guiné-Bissau, sem antes se entender duas formas de organização social diferentes ligadas ao poder: uma, ligada à experiência de conjugação interétnica originada na luta armada; outra ligada a ideologia do aparelho de Estado nascido, após a independência (Carlos Lopes). Kumba Yalá deixou de ser Presidente de todo um povo com o seu barrete encarnado, símbolo da etnia Balanta; Nino Vieira ao regressar à Guiné-Bissau, em Abril, sem autorização oficial, sobrepôs o argumento do perdão ao do poder do Estado: voltei à minha terra para pedir perdão a todos os que magoei no passado e garanto que já perdoei a todos os que me magoaram (Nino Vieira).
Neste terreno multi-étnico (registados cerca de 27 grupos étnicos), destacam-se dois homens que procuraram construir uma nação: Amílcar Cabral e Henrique Rosa. Reconhecidos pelos guineenses pelo seu empenho, dedicação e integridade, não lhes foi, no entanto, permitido dar continuidade a este projecto. O primeiro foi assassinado, o segundo não teve apoio político nem militar para apresentar uma candidatura. Cabral era designado de burmedjo – vermelho, nome apresentado para caracterizar cabo-verdianos, ao contrário dos preto nok (negro escuro) guineenses. A Henrique Rosa imputa-se o facto de outros membros do Governo transição anterior não terem podido candidatar-se nas legislativas de 2004. Ambos foram líderes de todos os guineenses e conseguiram elevar a Guiné-Bissau a nível internacional a um país que era capaz de se desenvolver.
Os resultados da segunda volta deram a vitória a Nino Vieira, reclamações e contestações conduziram a uma recontagem dos votos em Bissau, Biombo e Bafatá, exigida por Malam Bacai Sanhá. Mas nas ruas, a população reclama outro voto, negado por todos os que o embandeiram: paz e reconciliação. Para estes, finda a festa dos comícios, fica apenas a instabilidade e a insegurança e o abandono progressivo do djitu ten qui ten (“há uma alternativa, uma solução”). Poder-se-á afirmar que o povo que mais ordena teve a sua oportunidade de voto, mas a decisão de voto não é individual na Guiné-Bissau e no ciclo de pobreza em que vive imaginar soluções futuras está fora do seu alcance porque o amanhã é uma abstracção que pode não ser real.
quarta-feira, agosto 03, 2005
Não há volta como esta.
Ilustração Danziger. Courrier Internacional-Ed Portuguesa.
O fim do Tour de France em bicicleta já ocorreu há alguns dias. Mas o Tour é o Tour. E nada tinha aqui mencionado acerca disso. Sétima vitória de Lance Armstrong. Record absoluto. Merckx fez cinco. Já muito se repetiu: Armstrong é brilhante. Pouco se mencionou: as equipas onde esteve Armstrong desde 1998 eram brilhantes. Seis anos com a "US Postal" onde militaram grandes ciclistas como Hamilton e Heras, e este ano com a "Discovery Channel" onde está José Azevedo. A reverência ao "chefe" foi ao longo destas sete edições foi absoluta. Apenas uma vez, nesta edição, a equipa Discovery Channel gerou um vencedor numa etapa que não fosse o próprio Amstrong. Muito destas sete vitórias consecutivas (em que apenas na edição de 2003 teve adversário à altura) se devem ao esforço do colectivo.
Em França, o reinado do ciclista dos EUA tem sido difícil de "engolir", como acima ilustra Danziger. Terra do ciclismo por excelência, ano após ano, a imprensa francesa levanta dúvidas sobre a verdadeira capacidade do ciclista e o possível uso de substâncias dopantes. No entanto, sem provas. Desde Bernard Hinault e Laurent Fignon que a França não consegue colocar no topo do ciclismo mundial, um ciclista de nacionalidade francesa.
Coisa feia, essa coisa da inveja...
terça-feira, agosto 02, 2005
Olhe que sou...
Conforme as notícias dos últimos dias, acrescentanto esta da audiência concedida por Sampaio a Mário Soares, tudo indica que fotos como esta se venham a repetir na campanha para as presidênciais. Alguém acredita que, após as inúmeras "consultas" feitas pelo próprio e após apoio já expresso do Secretário Geral do PS, Mário Soares não será candidato?
Soares alegre
Brilhante a forma astuta como Nuno Saraiva retratou o episódio Soares/Alegre no suplemento do Publico, "Inimigo Público", da passada sexta-feira. Manuel Alegre está ressentido com Mário Soares e com o PS, conforme afirmou este fim de semana no Expresso. E terá razões para isso. O seu amigo Soares nunca o informou do seu possível interesse em ser novamente Presidente. O PS estava a preparar o apoio público à candidatura de Alegre quando subitamente Sócrates afirma que apoia incondicionalmente o então não candidato Soares. Politicamente, o PS geriu mal este processo. Queimou um trunfo que poderia ser usado para esta ou para outras partidas. Quanto à relação Soares e Alegre, lá diz o ditado: "amigos, amigos...negócios à parte".
Contradições - parte 2
... Mas recordo me da então posição do Partido Socialista insurgindo se contra essa nomeação... caso para dizer "Faz o que eu digo, não faças o que eu faço".
Não deixa de ser politicamente relevante que a primeira medida pública do novo ministro das Finanças após 15 dias à frente da pasta, seja a nomeação para presidente da maior instituição pública, um "boy" politicamente próximo de António Guterres. A confiança à antiga administração tinha sido renovada em Junho deste ano, aquando da Assembleia Geral, quando Campos e Cunha ainda era ministro. Mais palavras para quê?
Contradições - parte 1
Conforme Publico.pt de hoje, "Marques Mendes: mudanças na CGD constituem "acto descarado de saneamento político"" .Não me recordo de nenhum comentário do então ministro Marques Mendes a propósito da nomeação para a administração da CGD, da deputada do PP, e então ex Ministra da Justiça, Celeste Cardona...
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