sexta-feira, abril 28, 2006

Grande lata

Está disponível para treinar a selecção inglesa?

Estou disponível a partir de 31de Julho, é nessa altura que acaba o meu contrato com FPF. E depois de 31? Se não for eu o escolhido pela selecção inglesa, ou por Portugal? E se não for escolhido por ninguém? Fico sem emprego? Também tenho vida profissional, por isso devo ouvir as propostas e, ao mesmo tempo, fazer o melhor trabalho por Portugal até 31 de Julho.
Scolari, treinador da Selecção Portuguesa, DN 28.04

Novo tempo

Só por isso o discurso do Presidente da República na cerimónia evocativa do 25 de Abril foi importante. Porque revela uma atenção que Cavaco Silva quer dar, com novas soluções, aos nossos padrões elevados de desigualdade social, que se agravam em tempos de crise. Porque enuncia a flagrante certeza de que não é aumentando a despesa social do Estado que se conseguirá mais justiça social.
Pedro Lomba, DN 28.04

quinta-feira, abril 27, 2006

Cantigas

José Afonso foi o autor escolhido para nos fazer companhia nesta semana em que se celebram 32 anos de democracia em Portugal.
Vamos escutar um dos seus registos mais emblemáticos : Cantigas do Maio.
Contém algumas das suas canções mais reconhecidas, como sendo o "Grândola Vila Morena".
Espero que gostem.
Boas audições.

Contra a corrente

Cavaco fez um discurso contra-corrente - contra a própria corrente em que nos habituámos a situá-lo, contra a corrente onde identificamos muitos dos seus apoiantes e, finalmente, contra a corrente da agenda política e mediática

Vicente Jorge Silva, "Diário de Notícias", 26-04-2006

quarta-feira, abril 26, 2006

A nossa globalização

À medida que a globalização avança, as nossas exportações dirigem-se cada vez mais para os países geograficamente próximos: Espanha, França e Reino Unido. Ou seja, quanto mais a economia se globaliza, mais as nossas exportações se paroquializam.
Extraído da crónica de João Ferreira do Amaral no negocios.pt

terça-feira, abril 25, 2006

A liberdade está a passar por aqui

Esta era a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo


Poema de Sophia de Mello Breyner Andresen
Título extraído de "Maré Alta" de Sérgio Godinho

segunda-feira, abril 24, 2006

As saudades e a falta de saudades... #2

Se a revolução tivesse fracassado o país estaria hoje melhor ou pior?

Pacheco Pereira: Muito pior.

Miguel Relvas: Muito, mas muito pior. Fosse a 25, 26 ou 27, a revolução estava condenada ao sucesso.

Marçal Grilo: Estaria pior porque estávamos contra os ventos da História. Estávamos a insistir numa guerra perdida. a revolução foi a única saída para um conflito que assentava em razões políticas que eram inultrapassáveis.

Rui Zink: O país estaria obviamente pior. Imaginem o horror de termos um primeiro-ministro chamado Sócrates, um presidente chamado Cavaco e uma economia completamente estagnada.

Rogério Alves: Estaria seguramente muito pior. Estou profundamente convencido de que o regime autocrático, mais tarde ou mais cedo, acabaria por cair. A turbulência e agitação que se seguiram à Revolução era inevitável. Portanto, quanto mais cedo ela ocorresse mais cedo se iniciaria o caminho do desenvolvimento.

João Braga: Depende. Para os que preferem o caos à ordem, a intranquilidade à segurança e a tolerância ao respeito, esses devem congratular-se. Mas para quem prefere a ordem ao caos, a segurança à intranquilidade, o respeito à tolerância, como eu, o país estaria muito melhor se a revolução tivesse fracassado. Antes da revolução não existia um Estado fascista. Tinha-se muito mais liberdade do que agora.

Simone de Oliveira:(Risos). Não acredito que a revolução pudesse ter fracassado.

Extraído do portugaldiario.pt

As saudades e a falta de saudades...

Tem saudades dos tempos anteriores ao 25 de Abril de 1974?

Pacheco Pereira: Não, não, não.
Miguel Relvas: Estava em Angola e não tenho memória política desse tempo. Tinha 12 anos nessa altura.
Marçal Grilo: Não, nem pensar.
Rui Zink: Claro que tenho! Eu era jovem, bonito e atraente. Só se eu fosse estúpido é que não tinha saudades.
Rogério Alves: Não tenho saudades nenhumas. Muito pelo contrário. Mas tenho saudades da idade que tinha na altura: 12 anos.
João Braga: Orgulho-me bastante dos feitos dos nossos antepassados, mas como dar um tiro na cabeça não me excita de todo, só posso mesmo ter saudades do futuro.
Simone de Oliveira: Não.


Extraído do portugaldiario.pt

Upa upa

Lucros do BCP sobem 44% para 189,5 milhões
O Banco Comercial Português anunciou hoje que os resultados líquidos do primeiro trimestre deste ano ascenderam a 189,5 milhões de euros, um valor que representa um crescimento de 44% face ao registado no período homólogo e que se situou em linha com as previsões dos analistas.
Extraído do negocios.pt

Bebemos futebol, comemos futebol, dormimos futebol, futebol, futebol, futebol.

Às segundas-feiras, análises, nos seis canais, dos resultados dos jogos. Graves intelectuais substituem-se a Gabriel Alves ou a Vítor Serpa, já de si austeros, na profusa interpretação dos austeros acontecimentos.
Rui Santos, cheio de gel e de Armani’s, discreteia acerca dos insondáveis enigmas do redondo da bola. Terça, quarta, quinta, sexta, sábado e domingo de manhã enchem-nos de previsões, interpretações, teses, antíteses e sínteses sobre futebol, de futebol, com futebol, tudo pelo futebol, nada contra o futebol. Há três diários de futebol, não de desportos: de futebol.
Os «generalistas» apresentam seis, sete, dez páginas de futebol, não de desportos: de futebol.
Mareiam, nestes nossos tenebrosos tempos, as taras do mais ignaro analfabetismo, alimentado por criaturas que possuem do conhecimento um conceito de eguariços.
Bebemos futebol, comemos futebol, dormimos futebol, futebol, futebol, futebol.
Extraído da crónica de Batista Bastos no negocios.pt

sábado, abril 22, 2006

Olha, eu sou do norte...

Estava o Presidente da República no convívio com os militares, aperto de mão atrás de aperto de mão, a fazer conversa de circunstância, quando chegou à soldado Barbas e lhe perguntou de onde é. A pergunta era a mais banal do mundo, a resposta é que encheu Cavaco de felicidade, como se lhe tivesse saído a taluda: "Loulé", respondeu, constrangida. "Loulé!", repetiu ele, com ponto de exclamação. "É minha conterrânea! É mesmo de Loulé?" Sim, mesmo, mesmo. O Presidente chamou o ministro, que seguia uns passos atrás, e deu a boa-nova ao titular da Defesa: "Senhor ministro, é da minha terra!... Quem diria, quem diria..."
Extraído do DN

Welcome to the cruel world

É a rasgar. Seis dias por semana, de manhã à noite, sem intervalos, eles têm de estar perfeitos no ecrã. As jovens estrelas dos Morangos com Açúcar andam estoiradas, de gravação em gravação, a promover uma ideia de liberdade e energia que perderam quando assinaram de cruz o primeiro contrato como actores. Em dias, estão a dar milhões à casa. No fim do mês, recebem mil euros de ordenado.
Extraído do DN

De facto, é uma gestão inovadora...

Novo presidente da PT quer reduzir custos e aumentar receitas

O novo presidente do conselho de administração da Portugal Telecom (PT), Henrique Granadeiro, afirmou ontem à noite que a operadora vai apostar numa gestão rigorosa que evite o desperdício de recursos, concentrando-se ao mesmo tempo no aumento da receita por cliente.
(...) Nesse sentido, a estratégia da operadora continuará a passar pela reconversão de quadros e formação de pessoal, o que poderá eventualmente levar a algumas reduções de quadros, admitiu o presidente do conselho de administração."É possível que alguns recursos fiquem disponíveis", disse Granadeiro.
Extraído do publico.pt

quinta-feira, abril 20, 2006

Porque é que uma foto tão bonita tem que ser tão triste?

Três rapazaes iraquianos choram a morte de um elemento da organização de al-Sadr, encontrado morto ontem à noite em Bagdad. Os líderes iraquianos e norte-americanos esperam que a formação de um novo Governo contribua para atenuar os confrontos étnicos no país. Foto: Karim Kadim
Fonte: publico.pt

A direita que diz que é democrata, mas que não aceita as opiniões dos outros #2

O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, mantém a recusa em reconhecer a derrota nas legislativas da semana passada, um dia depois do Supremo Tribunal ter confirmado a vitória do centro-esquerda nas eleições para a Câmara dos Deputados.
Extraído do publico.pt

A direita que diz que é democrata, mas que não aceita as opiniões dos outros #1

O líder do CDS-PP, José Ribeiro e Castro, criticou hoje a moção apresentada pelo presidente da Juventude Popular, João Almeida, ao congresso de 6 e 7 de Maio, considerando que tem um discurso "pseudo-geracional".
"É um discurso fracturante que eu julgo que é negativo", afirmou Ribeiro e Castro, na conferência de imprensa em que apresentou a sua moção.
Extraído do publico.pt

Gangsters de colarinho branco

Foto: publico.pt

Vossemecê

Vitimados pela pneumónica, Jacinta e Francisco morrem dois anos depois. Entregue a si própria, Lúcia conta o que viu a todos quantos a procuram.
O pitoresco das suas narrativas (o tratamento de Vossemecê que dá a Nossa Senhora é irressitível) torna-as incómodas para a ortodozia dominante.
A linguagem, as palavras, as preocupações reveladas pela Virgem são as que o imaginário, a cultura da jovem pastora absorvera. A Senhora que se lhe dirige tem, com efeito, a fala, a argumentação dos padres, das catequistas que ouvira até aí - feitas de terrores, de ameaças, de chantagens, de sacrifícios, de cataclismos.
Extraído de Nascido no Estado Novo de Fernando Dacosta

Choque de liberdade

O país precisa de um choque de liberdade. Não aquela que Abril nos deu, porque essa já está conquistada. A liberdade que deixe os competentes sobreporem-se aos instalados e os eficazes conquistarem o espaço dos protegidos. Senão continuaremos a viver numa economia de casino. Com a certeza de que, pela primeira vez, a geração seguinte viverá pior do que a anterior.
Extraído da crónica de Sérgio Figueiredo no negocios.pt.

Nim

Em outro sentido vai a declaração de Bento XVI, numa reunião do clero romano em Março passado, de que é importante reflectir sobre a possibilidade de "oferecer mais espaço e mais posições de responsabilidade às mulheres", mesmo no serviço ministerial da Igreja.
Recusando que haja lugar para a ordenação de mulheres, a afirmação do Papa é tanto mais importante quanto tinha sido o próprio, enquanto cardeal Ratzinger, a assinar um documento da Congregação para a Doutrina da Fé que declarava "encerrado" o debate sobre o tema no interior da Igreja.
Extraído do Público de 19.04

quarta-feira, abril 19, 2006

Paixões à sobremesa

Amigos de ambos [Snu e Sá Carneiro], Natália Correia ouve-o [Sá Carneiro].
De repente, diz-lhe "Ela é uma princesa que jaz adormecida num esquife de gelo à espera do príncipe que a desperte com um beijo do fogo. O príncipe é você. Corra para ela. Telefone-lhe e convide-a".
Intrigado, Sá Carneiro fá-lo-á. Pouco depois, Natália liga para Snu: "Menina, o príncipe encantado porque esperavas vai aparecer-te". Snu aceita o pedido de Sá Carneiro para almoçarem.
Rindo, contam um ao outro as palavras de Natália.
À sobremesa percebem, de repente, que estão apaixonados.
Para sempre.
Extraído de Nascido no Estado Novo de Fernando Dacosta

Ganas de vivir

- O que mais gosta de Havana?
- Del calor humano e de las ganas de vivir.

Carlos Vaz Marques entrevistando o escritor Abílio Esteves no programa Pessoal e Transmissível

terça-feira, abril 18, 2006

Real gone

Chama-se Tom Waits.
É a escuta seleccionada para a presente semana.
Para quem não está familiarizado com esta voz, achará estranho; mas é, a par da sonoridade e a acutilância de algumas das suas letras, um dos seus maiores encantos.
Deixo vos como o seu mais recente registo: Real Gone.
Espero que gostem.

sexta-feira, abril 14, 2006

Futebolandia

Num debate organizado pelo Clube dos Jornalistas na 2 com os correspondentes estrangeiros em Portugal, para comparação das agendas dos órgãos de comunicação social nacionais e internacionais, todos eles se referiram à perplexidade que lhes causa o papel absurdo que o futebol tem em Portugal(...) A Futebolândia é um dos melhores retratos do nosso subdesenvolvimento.
JPP no blogue Abrupto.

Nao sei #2

Não sei que sol é este que me abrasa
Quanto mais tapo os olhos e me abrigo
Que abre a tudo o que é estranho a minha casa
Quanto mais eu me fecho só comigo



Letra: Manuela de Freitas
Musica: Camané

quarta-feira, abril 12, 2006

Não sei

Não sei que vento é este de repente
Que tudo o que eu desfiz ele refaz
Que me empurra com força para a frente
Quando caio desamparada para trás


Letra: Manuela de Freitas
Musica: Camané

Rei e rainha

Aqui há dias, ao ver o Presidente e a mu-lher no Hospital da Estefânia, trocando palavras de circunstância com doentes e profissionais de saúde, revi a Princesa Diana nos inúmeros hospitais por onde espalhou o seu sorriso. Numa revista social vejo Maria Ca-vaco Silva no Palácio de Belém rodeada pe-los seus alunos da Universidade Católica e as imagens não são diferentes daquelas que mostram regularmente reis, rainhas e princesas de toda a Europa.
 
 
Extraído da crónica de Pedro Rolo Duarte no DN

BCP

Não é crítica, é quase insulto. Para Fernando Ulrich, a gestão de Jardim Gonçalves e Paulo Teixeira Pinto não tem currículo – tem cadastro. Porque, diz, destrói valor, trata pior os seus clientes, cobra comissões elevadas, tem um governo de sociedade duvidoso e paga salários milionários aos seus gestores.
Extraído da crónica de Pedro S. Guerreiro no negocios.pt

Que raio de pais são estes senhores?

O Ministério Público recorreu, mas não lhe foi dada razão. O Supremo disse, aliás, que fechar crianças em quartos é um castigo normal de um "bom pai de família". E que as estaladas e as palmadas, se não forem dadas, até podem configurar "negligência educacional"."Qual é o bom pai de família que, por uma ou duas vezes, não dá palmadas no rabo dum filho que se recusa ir para a escola, que não dá uma bofetada a um filho (...) ou que não manda um filho de castigo para o quarto quando ele não quer comer? Quanto às duas primeiras, pode-se mesmo dizer que a abstenção do educador constituiria, ela sim, um negligenciar educativo. Muitos menores recusam alguma vez a escola e esta tem - pela sua primacial importância - que ser imposta com alguma veemência. Claro que, se se tratar de fobia escolar reiterada, será aconselhável indagar os motivos e até o aconselhamento por profissionais. Mas, perante uma ou duas recusas, umas palmadas (sempre moderadas) no rabo fazem parte da educação", dizem os juízes, num acórdão proferido na semana passada.
Extraído do publico.pt.

terça-feira, abril 11, 2006

Esqueceram-se dos observadores internacionais

"Contestamos esta vitória e reclamamos uma verificação da contagem".
Paolo Bonaiuti, porta-voz do actual chefe do governo de Sílvio Berlusconi.

Extraído do portugaldiario.pt

Excelentes notícias...

O candidato italiano de centro-esquerda Romano Prodi derrotou por poucos milhares de votos a coligação de Silvio Berlusconi na eleição para a Câmara dos Deputados
Extraído do publico.pt

segunda-feira, abril 10, 2006

Despedimento queres tu dizer...

«A redução de pessoal faz parte da gestão das empresas», disse Van Zeller.
O presidente da CIP, Francisco Van Zeller, afirmou que a confederação não concorda com a introdução de quotas nas rescisões por mútuo acordo e acrescentou que as novas regras vêm retirar uma ferramenta essencial à reestruturação das empresas, segunda a agência Lusa.
Extraído do negocios.pt

domingo, abril 09, 2006

Quand je marche #2

Quand j´ai faim, tout me nourrit
le cri des chiens, et puis la pluie
quand je pars, je reste ici
je m´abandonne
et je t´oublie.
Extraído de "Quand je marche" de Camille

Uma guitarra com gente dentro

Carlos Paredes foi o escolhido para a companhia desta semana. Vamos ouvir a antologia com título muito feliz "Uma guitarra com gente dentro".
Como todas as antologias, temos aqui os temas mais representativos da obra de Paredes, nomeadamente o "Verdes Anos" (01). Destaque também para "Improviso 2 - 3º Andamento"(21), com a colaboração do maestro António Vitorino de Almeida.
Como todas as músicas, esta tem um espaço e tempo próprio para escutar.
Por aqui, fui descobrindo que Paredes é uma excelente companhia madrugada adentro.
Espero que gostem. Boas audições.

sábado, abril 08, 2006

Quand je marche #1

Quand je marche, je marche droit
Quand je chante, je chante nu
et quand j´aime, je n´aime que toi
Quand j´y pense, je ne dors plus.
Extraído de "Quand je marche" de Camille

Olhos num Deus

Como atingir a paz com os olhos postos num só Deus, se as guerras são forncedias pela nossa fé na vitória sobre a fé dos outros.
Citação de Natália Correia extraída de "Nascido no Estado Novo" de Fernando Dacosta

quinta-feira, abril 06, 2006

Acho que não poderíamos estar mais em desacordo...

Ora isto sucede porque protegemos de mais os que estão empregados e desprotegemos em absoluto os que aspiram ao primeiro emprego. A protecção social resulta na maior injustiça social. E, em nome da rigidez do Estado social, os melhores de entre os jovens fogem para o mundo anglo-saxónico, onde impera o tal horroroso neoliberalismo. Deve ser por masoquismo...
Extraído do editorial de José Manuel Fernandes no Público.

Geração dos 600 euros

"Há alguns meses o «El Pais» dedicava várias páginas ao que designava como «geração mil euros». (...) Em Portugal ninguém terá pensado nisso, apesar de, comparando salários, talvez devermos falar da «geração dos 600 euros». Para os licenciados, naturalmente."
Extraído do editorial de José Manuel Fernandes no Público.

quarta-feira, abril 05, 2006

Autismos #3

Que, na hora de fazer greves pela defesa de direitos adquiridos, a mobilização é geral?
Que a preservação do estatuto do docente é uma questão de salário, progressão na carreira e idade de reforma?
E que, na hora de avaliar o «output» do seu trabalho, ou seja a «performance» dos estudantes, a culpa é destes e dos seus pais.
Extraído da crónica de Sérgio Figueiredo no negocios.pt

Autismos #2

É chocante ver o autismo revelado por quem educa os filhos da nação. Se os professores falham estrondosamente na auto-avaliação, como acreditar na sua capacidade em avaliar os outros?
A quem estamos a confiar a formação das nossas crianças?
Não será o autismo dos nossos professores muito mais grave que a suposta ignorância dos nossos filhos?
Educar é instruir. Instruir é passar conhecimentos. Mas também comportamentos e valores. Não basta despejar fórmulas e ensinar o seno e coseno. Não podem os nossos professores descansar a consciência se acreditam que podem limitar-se a cumprir o programa.
Senão, que raio de pedagogia é esta que se expressa em quem sacode a água do capote e se desembaraça de qualquer responsabilidade?
Que exemplo estão a dar aos miúdos?
Extraído da crónica de Sérgio Figueiredo no negocios.pt

Autismos #1

Pois é essa a conclusão a que os professores deste país chegaram: o problema é dos carros e não daqueles que os estão a construir. A matéria-prima não presta e a maldição da Matemática está nos alunos. Uma verdadeira geração rasca.
Rasca porque tem dificuldades de raciocínio e não tem hábitos de trabalho. Rasca porque lhe falta autonomia e auto-estima, maturidade e capacidade de concentração, empenho e iniciativa.
Uma geração rasca porque deseducada. Afinal, o reflexo de um fracasso colectivo. Um falhanço que começa nos pais – como o inquérito aos docentes não hesita em reconhecer. E um falhanço que envolve os próprios professores – uma evidência óbvia, mas que o inquérito convenientemente ignora.
Extraído da crónica de Sérgio Figueiredo no negocios.pt

Central

Gostei muito de ter falado hoje.
Espero amanhã também falar.

Afirmação de um dos muitos ouvintes do programa participado "Bancada Central", rádio TSF

Orgulho

-Se não fosse Português, o que gostava de ser?
- Espanhol, sem dúvida.
- Porquê?
- Porque eles são muito parecidos connosco, com excepção de que são muito orgulhosos daquilo que são enquanto povo.


Extraído da entrevista de Carlos Vaz Marques ao humorista Luís Filipe Borges no programa TSF "Pessoal e transmissível"

terça-feira, abril 04, 2006

Pode-se respeitar alguém que assim pensa e assim fala?

Quanto a Ribeiro e Castro, debati com ele, já lá vão uns anos largos, na Rádio Comercial, programa de Ruy Castelar, os acontecimentos da ocasião. Pareceu-me, na altura, o que se confirma agora: o homem contraria o sentimento da realidade, e invalida qualquer hipótese de compreensão daquilo que diz. Numa pungente "entrevista" ao "Público" afirmou, entre outras graciosas enormidades: "O problema [no CDS] é africano, no sentido em que o presidente não pode virar as costas que lhe fazem um golpe de Estado". Pergunta a minha malvada curiosidade: pode-se respeitar alguém que assim pensa e assim fala?
Crónica de Bastista Bastos extraído do Jornal de Notícias

Ninguém minimamente letrado e de recto juízo percebe o que eles têm dito

Interessa-me escassamente o que se passa no CDS-PP. Há uma espécie de pensamento cego que degrada qualquer séria tentativa de identificação da nossa pessoal verdade com o defeito de abstracção que parece colado ao CDS. Curioso partido, aquele, que muda de ente e de essência quando alterna de direcção.
Foi uma coisa quando de Freitas do Amaral; outra, na ascensão de Lucas Pires; mudou de novo com Adriano Moreira, e também com Manuel Monteiro e com Paulo Portas e com José Ribeiro e Castro. Não me ocorre se houve outros. Ora se reclama do "personalismo cristão", ou do "nacionalismo democrático" ou do "patriotismo civilizacional".
Ninguém minimamente letrado e de recto juízo percebe o que eles têm dito. Aprende-se, nos livros e na prática, que a unidade contém multiplicidade, mas nunca a multiplicidade obteve a unidade. Nos domínios da ideologia, aquilo é uma salgalhada, apontada como um catálogo de diferenças.
Crónica de Bastista Bastos extraído do Jornal de Notícias

domingo, abril 02, 2006

Avareza afectiva

Após as ilusões do 25 de Abril, do socialismo, da CE [Comunidade Europeia], do cavaquismo, da globalização, caímos no aturdimento, uns, no alheamento, outros.
Cada vez nos refugiamos mais no suporífero (televisão, futebol), no excitável (gastronomias, erotismos), no sobrenatural (seitas, astrologias), no consumismo (shoppings, viagens), na evsão (álcool, drogas), nos recusamos a pensar, a conhecer, a intervir. Os níveis de crítica e exigência volatilizam-se - na política, na impresna, nas artes nos espectáculos, nos convívios, nos sentimentos.
"Tornamo-nos numa avareza afectiva terrível" desalenta-se a psiquiatra Gracinda Ribeiro. "Estamos a desenvolver comportamentos fóbicos aos contactos físicos, a peder calor, sentimentos. A incapacidade de compreendermos, de amarmos está a tornar-nos monstruosos."

Extraído de "Nascido no Estado Novo" de Fernando Dacosta

Hello, I m Johnny Cash

Chama-se Johnny Cash e é a proposta de audição desta semana. Vamos ouvir um dos seus registos mais representativos: St Quentin. É um concerto datado de 69, ao vivo na prisão com o mesmo nome. Deliciosas são as trocas de "mimos" que Cash vai transmitindo para a audiência. Particular atenção a letras como St Quentin (08) que deixa a audiência ao rubro, chegando esta a solicitar que Cash repita o tema (a que ele acede) e "Boy named Sue" (11). João Miguel Tavares, cronista do DN comentando a reedição deste disco escreveu "Talvez existam melhores discos ao vivo do que este, mas não será fácil encontra-los". Não iria tão longe, mas vale a pena ouvir. Espero que gostem.

sábado, abril 01, 2006

Dinheiro ao bolso

Mais ou menos 75 quilometros a sul de Kisamu [Quénia] encontra-se Homa Bay, uma pequena cidade apática, de ruas esburacadas, sol escaldante e a sensção inescapável de se estar do lado errado do mundo. A maior parte do caminho desde Kisamu faz-se por uma picada poeirenta e escalavrada. Curiosamente, todos os mapas de estrada a mostram como uma auto-estrada de primeira qualidade. E isto porque já lá vão alguns anos, o Banco Mundial deu dinheiro para pavimentar a via. No entanto, uma ou várisa pessoas dentro do governo decidiram poupar aos trabalhadores quenianos a tarefa penosa de espalhar alcatrão debaixo da canícula, e meteram o dinheiro ao bolso.
Este género de coisas acontece muitas vezes no Quénia. Outrora um modelo de probidade e rectidão, depois de 23 anos de governo de Daniel arap Moi, o Quénia tornou-se um caso exemplar de em termos de gestão danosa e de corrupção.
Extraído de "Diário Africano" de Bill Bryson