segunda-feira, junho 22, 2009

Faz de conta

(...) ainda a procissão vai no adro, mas pela amostra prevê-se que este ano o sucesso escolar esteja garantido. As médias vão subir, o ministério vai dizer que os seus programas de recuperação funcionaram e acrescentar que, apesar da perturbação causada nas escolas pelo sistema de avaliação de professores, tudo correu bem e os meninos continuaram a aprender muito e bem.
Isto é trágico. Conseguir melhorar os índices de sucesso escolar descendo o nível de exigência das provas de exame - que já era dos mais baixos da Europa - cria a oportunidade para excelentes acções de propaganda em ano eleitoral, mas tem duas consequências fatais.

A primeira é que ao baixar o nível de exigência cria-se a ilusão de que estamos a formar alunos mais bem preparados, quando é o inverso o que está a suceder. (...)

A segunda é que este mecanismo tem ainda o efeito perverso de agravar as desigualdades sociais. Os pais mais conscientes e que podem procurar escolas (públicas ou privadas) de melhor qualidade, ao aperceberem-se do que está a acontecer, exigem dos professores que preparem melhor os seus filhos - não apenas para passarem no exame, mas para estarem preparados para os exames da vida real. Os outros ficam apenas contentes.

José Manuel Fernandes in Publico, 22jun09

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