segunda-feira, abril 24, 2006

Bebemos futebol, comemos futebol, dormimos futebol, futebol, futebol, futebol.

Às segundas-feiras, análises, nos seis canais, dos resultados dos jogos. Graves intelectuais substituem-se a Gabriel Alves ou a Vítor Serpa, já de si austeros, na profusa interpretação dos austeros acontecimentos.
Rui Santos, cheio de gel e de Armani’s, discreteia acerca dos insondáveis enigmas do redondo da bola. Terça, quarta, quinta, sexta, sábado e domingo de manhã enchem-nos de previsões, interpretações, teses, antíteses e sínteses sobre futebol, de futebol, com futebol, tudo pelo futebol, nada contra o futebol. Há três diários de futebol, não de desportos: de futebol.
Os «generalistas» apresentam seis, sete, dez páginas de futebol, não de desportos: de futebol.
Mareiam, nestes nossos tenebrosos tempos, as taras do mais ignaro analfabetismo, alimentado por criaturas que possuem do conhecimento um conceito de eguariços.
Bebemos futebol, comemos futebol, dormimos futebol, futebol, futebol, futebol.
Extraído da crónica de Batista Bastos no negocios.pt

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